Dispositivo eletrônico aumenta confiabilidade no basculamento de minério por caminhões rodoviários
Tendo em vista os possíveis riscos de acidentes presentes no transporte de minérios em caminhões rodoviários, como os tombamentos durante a descarga da caçamba basculante, a Comlink Equipamentos Eletrônicos desenvolveu o inclinômetro. Ciro Spanholi, engenheiro e Projetista de Hardwares, Tales Bolson, gerente do departamento Comercial, e Marcio Slomp, diretor técnico e industrial da empresa, desenvolveram o estudo técnico “Inclinômetro: Tecnologia Anti-Tombamento”, que explica o funcionamento do dispositivo.
Devido à compactação natural da carga e ao tamanho e capacidade das caçambas dos caminhões tipo rodoviário, principalmente no transporte dentro da própria mina, muitas vezes em terrenos irregulares e pouco compactados, os riscos de tombamento se elevam. Sendo assim, para auxiliar a proteger o veículo contra estes sinistros, pode-se utilizar o inclinômetro, um dispositivo eficiente que mede automaticamente a inclinação do implemento e detecta riscos para a operação, impedindo o basculamento em condições inseguras.
As principais causas dos tombamentos são os basculamentos em terrenos desnivelados ou mal compactados, que fazem com que o peso da carga e da caixa basculante se desloque para um dos lados, fazendo o caminhão ou implemento girar. Após um determinado ponto, esse deslocamento do peso da carga é irreversível e o tombamento inevitável. A percepção dessa situação de risco não é tarefa fácil para o operador, pois ele está frequentemente dentro da cabine do veículo e a inclinação ocorre no outro extremo, mais precisamente no eixo de basculamento da caçamba.
A inclinação pode também aumentar durante a subida da caixa de carga se o terreno ceder mais de um lado. Outro agravante é que em implementos com caixa de carga alongada, pequenos ângulos laterais são críticos e imperceptíveis sem o auxílio de instrumentos de medição.
As cargas mais aderentes e compactadas, como o minério de ferro, argila, areia, calcário, entre outras, são especialmente perigosas, pois, se elevam mais na vertical antes de começar a escoar. Quanto maior a altura e o peso, mais fácil é o tombamento. Nesse caso, o cilindro hidráulico, estando mais longo e mais fino, permite maior flexão lateral.
Os prejuízos gerados por um tombamento podem facilmente ultrapassar a cifra de R$ 25.000,00 só em gastos com manutenção. Será necessário desempenar o chassis, recondicionar o cilindro hidráulico, entre outros custos. Esses custos podem se estender aos bens sobre os quais a caçamba tombou, lucros cessantes e prejuízos ao meio ambiente (derramamento de óleo, por exemplo). Se, por desventura, ocorrerem danos pessoais ou fatais, os prejuízos se tornam imensuráveis.
A solução para esses problemas é o uso do inclinômetro. Com a instalação do dispositivo é possível monitorar os ângulos frontal e lateral dos implementos e avisar ao operador a situação do veículo. Através dessa informação, ele pode posicionar o veículo de forma adequada antes de iniciar a subida da caçamba; caso contrário, o basculamento fica bloqueado. No caso de uma torção do chassis ou afundamento do terreno e, por consequência, aumento da inclinação e do risco de acidentes, o dispositivo bloqueará automaticamente a subida da caixa de carga.
Outras vantagens do uso do inclinômetro são: apresentação contínua dos ângulos frontal e lateral do implemento; alerta visual e sonoro indicando que a caixa de carga está basculada (evita que o veículo gire com a caixa alta); alerta visual e sonoro indicando que a tomada de força está engrenada (evita desgaste da bomba e da tomada); registro de todos os basculamentos e ângulos máximos; registro do operador, data e hora dos basculamentos; horímetro de funcionamento da bomba hidráulica; e proteção contra danos no cilindro.
Existem duas versões do inclinômetro, a caixa tipo rack para embutir no painel do veículo ou a caixa com braço articulado, para ser instalado sobre o painel. As principais características dos produtos são: resolução de 0,1 grau; monitora ângulos frontal e lateral; sensor de inclinação IP67 – resistente a pó e jatos d’água; display de alto brilho e contraste, com ângulo de visualização de 160 graus, que permite melhor leitura das informações da tela; aviso sonoro e visual de basculamento inseguro; bloqueio de basculamento inseguro; alerta de báscula alta; pode acionar luzes e sirenes externas; coleta de dados e relatório de eventos através de software; e registro dos últimos 8000 eventos (com data, hora e ângulos).
Bruno Monteiro, diretor da empresa Rodominer, que opera nas minas da Serra Azul (Arcelormittal, MMX e Itaminas) com minério de ferro, possui 20 unidades do inclinômetro instalados em sua frota composta de veículos Scania G420 6X2 e Iveco Strallis 460 6X4, todos com semirreboque deslizante. Ele analisou a operação e percebeu que o tempo de posicionamento do veículo para iniciar o basculamento aumentou; entretanto, a confiabilidade melhorou, além de se eliminar as manobras de reposicionamento após começar a bascular.
O aparelho também interrompe o processo quando, por algum motivo, durante o basculamento, haja alteração no nível do solo ou no ângulo do veículo e, no caso da Rodominer, que descarrega geralmente sobre solo pouco compactado, muitas vezes sobre pilha de minério de ferro, o inclinômetro é essencial.
Já Naziro R. Blaut, da empresa Embu, que opera em pedreiras no Estado de São Paulo, com mais de 40 caminhões distribuídos entre os modelos 8X4 e 6X4 da Mercedes Benz, conta que o operador consegue ter mais confiabilidade no serviço, reduzindo os riscos tanto para ele quanto para o caminhão.
Os altos custos de reparos de um veículo tombado muitas vezes inviabilizam a recuperação, podendo-se ter perda total se os danos forem elevados. Vidas humanas também podem ser subtraídas em acidentes como esses, sendo assim, uma reflexão sobre como evitá-los deve ser feita. O inclinômetro vem ao mercado justamente para auxiliar o operador do veículo no basculamento com segurança e sem danos ao seu equipamento de trabalho. E o investimento inicial na instalação do dispositivo reverte-se em economia futura e incremento da segurança do funcionário, segundo os autores.